terça-feira, 24 de julho de 2012

A Amazônia não é o pulmão do mundo

Não se sabe quem utilizou esta expressão pela primeira vez, mas o sentido dela é que na Amazônia haveria uma enorme produção de oxigênio, o que na verdade não corresponde a realidade, segundo especialistas.

Não se sabe quem utilizou esta expressão pela primeira vez, mas o sentido dela é que na Amazônia haveria uma enorme produção de oxigênio, o que na verdade não corresponde a realidade, segundo especialistas.

Descobertas cientificas demonstram que a floresta amazônica encontra-se em estado de “clímax ecológico” : toda a biomassa (o conjunto de matéria viva da região) acaba sendo utilizada por outros organismos para seu metabolismo, produzindo dióxido de carbono. É verdade que a floresta produz uma imensa quantidade de oxigênio mediante a fotossíntese durante o dia. Porém, as plantas superiores e outros organismos associados vivendo nessa mesma floresta, respiram 24 horas por dia, ou seja, o oxigênio que a floresta produz acaba sendo utilizado na respiração dela mesma. É importante salientar que a floresta amazônica constitui um enorme reservatório de carbono e quando queimada, produz dióxido de carbono, aumentando assim o “efeito estufa”.
A Amazônia não é o pulmão do mundo no sentido comum do termo. No entanto, o sistema florestal da região, além de evitar a erosão, funciona como uma “esponja”, absorvendo substâncias trazidas pelos ventos e pelas chuvas sob a forma de poeira e partículas, da África e do Atlântico. Amazônia não é o “pulmão do mundo”, aponta pesquisador. Na capa de muitos jornais, sites, comunidades virtuais e blogs a Amazônia ainda é encarada como o grande “pulmão do mundo”. A ideia de que a floresta seria uma grande purificadora do ar, transformando gás carbônico em oxigênio, já foi desmentida por muitos cientistas, mas ainda sobrevive por aí. Apenas em dois textos do Blog da Amazônia, há 16 comentários que tratam a floresta dessa forma.
Apesar de haver muitas provas de que a Amazônia não exerce esse papel, é consenso entre os pesquisadores que as extensas áreas de floresta do Norte do Brasil tem grande influencia no clima do planeta. Mesmo não sendo o tal pulmão, a Amazônia ainda seria um órgão vital.
FLORESTA EM EQUILIBRIO
Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e um dos cientistas mais respeitados no mundo quando se fala de aquecimento global, o erro já começa no próprio apelido que se deu á Amazônia: “o pulmão não supre o oxigênio, ele tira.” O pesquisador explica que a floresta está em equilíbrio. Todo o gás carbônico capturado por meio da fotossíntese é liberado novamente á atmosfera quando as plantas respiram e quando as árvores morrem e entram em decomposição.
Ferandise ressalte, contudo, que o fato de a Amazônia não funcionar como o tal “pulmão do mundo” não significa que ela possa ser destruída. O desmatamento de milhões de quilômetros metros quadrados de floresta poderia desregular o regime de chuvas e acentuar o aquecimento global.
CÍRCULO VICIOSO
A floresta esta em equilíbrio apenas quando esta em pé. Se ocorre uma queimada ou desmate, grandes quantidades de gás carbônico são liberados na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. Hoje, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os maiores emissores de gases que causam esse problema, sendo que cerca da destruição e três quartos dessa poluição provem da destruição da mata. De acordo com Fearnside, o desmatamento é um péssimo negócio para o Brasil. “Além de emitir muito mais carbono do que o combustível fóssil, ele também traz muito pouco beneficio para a economia do país gera muito pouco emprego”, avalia.
Com o aquecimento do planeta, a floresta corre o risco de entrar em um circulo vicioso de destruição e emissão de gases de efeito estufa, revela o cientista. “Na medida em que se começa a esquentar na Amazônia morrem muitas as árvores. Com o aumento da temperatura, as árvores também precisam de mais água e aí aumentam os problemas de incêndio. Além disso, esquenta-se o solo, que começa a liberar carbono. As grandes secas a que aconteceu em 2005, tendem a aumentar.”
FALTA DE ÁGUA
Ainda que o desmatamento e as queimadas não liberassem gases de efeito estufa, a transformação da floresta em pastos ou plantações poderia mudar radicalmente o regime de chuvas. Fearnside explica que grande parte das chuvas do Centro-sul do Brasil são causados por ventos que trazem vapores da mata no Norte. “Se transformarmos a floresta em pastagens, as chuvas cairão lá (na Amazônia) e irão direto para o oceano. A água não será mais evaporada”, revela.
Além da falta de água potável- problema que já afeta periodicamente a cidade de São Paulo- a diminuição das chuvas também acarretaria na falta de energia. “No Centro-sul há muitas barragenes, que geram energia para o Brasil. Essas hidrelétricas enchem em poucas semanas criticas, as represas não enchem pelo resto do ano”, alerta o pesquisador.
CREDITOS: JORNAL NOITE DIA DE 20 A 26 DE JULHO DE 2012
 

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