O desmatamento na Amazônia Legal caiu 23% entre agosto de
2011 e julho de 2012, apontam dados preliminares do Deter, o sistema de
detecção rápida por satélite usado pelo governo federal. Nos últimos 12 meses,
a floresta teria perdido cerca de 2 mil quilômetros quadrados. Dos nove Estados
que compõem a região, apenas Roraima teve aumento no desflorestamento.
Os dados apresentados ontem pelo Ministério do Meio
Ambiente, frutos de um sistema que varre a Amazônia Legal por satélite a cada
dois dias, são considerados um indicativo para os números finais, levantados
pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes),
mais preciso e divulgado no final do ano. "O Deter é uma base importante.
Podemos dizer que há uma tendência de queda", disse a ministra Izabella
Teixeira. De acordo com o Deter, o desmatamento teria diminuído em 10
dos 12 meses, caindo 50% de abril a junho. Houve dois picos, em novembro, com
10% de aumento em relação ao período anterior, e em janeiro, com 250%.
A maior queda aconteceu no Maranhão, que reduziu a um terço
a área desmatada, na comparação com o período anterior. Pará, Amazonas e Acre
também diminuíram muito suas áreas desflorestadas, mas Mato Grosso, que já
tinha a maior área em risco no período 2010/2011, reduziu apenas 2,7% e é
novamente o campeão de desmatamento em valores absolutos. Sozinho, o Estado
desmatou 952 dos 2.050 km² de floresta derrubada desde agosto de 2011. Segundo Izabella, Mato Grosso tem áreas de Cerrado, onde a
obrigatoriedade de reserva legal é menor - 35% em vez dos 80% da floresta
amazônica - e o Deter não identifica que tipo de vegetação foi desmatada. No
ano passado, disse, o Estado foi responsável por 17,5% do desmatamento
registrado, atrás do Pará, com 46,9%. Ainda assim, reconhece, Mato Grosso tem
uma enorme fronteira agrícola com cada vez mais pessoas chegando. "Muitas
vezes essas pessoas não respeitam a lei. Isso aumenta a possibilidade de
desmatamento."
Áreas menores. O tamanho das áreas desmatadas estaria
caindo, o que vem dificultando a detecção no sistema por satélite. De grandes
porções de terra de até 1 mil km², o desflorestamento agora acontece em
pequenas áreas. "É o que eu chamo de 'desmatamento puxadinho'. Temos visto
o crescimento desse tipo de ação nos últimos dois ou três anos", disse a
ministra. Um novo satélite deve entrar em órbita em dezembro para melhorar a
detecção. "Vamos colocar uns óculos no Deter", brincou ela.
Apesar da queda geral, duas cidades do Pará entraram na
lista de municípios prioritários por terem registrado crescimento nos dois
últimos anos. Anapu, em 2009, teve 26,5 km² de área desmatada. Passou para
226,8 km² em 2011. Senador José Porfírio foi de 3,6 km² a 101,9 km². Do outro
lado, Ulianópolis (PA) saiu da lista. A cidade foi uma das beneficiadas por um
projeto de novas fontes de desenvolvimento sustentável financiado com uma
doação do governo da Noruega.
CRÉDITOS: JORNAL NOITE E DIA, CADERNO 02, pág 4 07 a 13 de
dezembro de 2012
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