O diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa (agência
espacial dos Estados Unidos), James Hansen, advertiu que os problemas causados
pelas mudanças climáticas são maiores do que se imaginava. Ele disse que suas
projeções sobre o aumento da temperatura global são reais, mas admitiu que
“falhou” ao não mencionar que ocorre a uma velocidade superior a que
estimava.
O estudo sobre o tema foi publicado na revista da Academia de Ciências dos
Estados Unidos (cujo nome em inglês é Proceedings of the National Academy of
Sciences) antecipada após o artigo de Hansen em um jornal
norte-americano.
"A mudança climática está aqui e é pior do que pensávamos", disse o
cientista. Em 1988, ele esteve no Senado norte-americano para analisar o
assunto. "[Há] um panorama obscuro sobre as consequências do aumento contínuo da
temperatura impulsionado pelo uso de combustíveis fósseis", disse. "Tenho uma
confissão a fazer: fui muito otimista."
Hansen menciona entre os episódios atribuídos à mudança climática a seca de
2011, no Texas e em Oklahoma, as temperaturas extremas registradas em Moscou em
2010, além da onda de calor que atingiu a França em 2003. As variações
climáticas naturais podem ser muito amplas e a relação entre fenômenos extremos
e o aquecimento global é tema de intensa controvérsia, segundo o cientista.O diretor reforçou que as recentes ondas de calor estão vinculadas à mudança
climática e que a nova análise estatística realizada por ele e outros cientistas
da Nasa mostra claramente esse vínculo. Os cientistas da Nasa analisaram a
temperatura média no verão desde 1951 e mostraram que em décadas recentes
aumentou a probabilidade do que definem como verões quentes, muito quentes e
extremamente quentes.
De acordo com os cientistas, os verões apontados como extremamente quentes se
tornaram mais frequentes. Desde 2006, cerca de 10% da superfície em terra no
Hemisfério Norte têm registrado temperaturas extremas a cada verão. Hansen disse
que é necessário que o público entenda o significado do aquecimento global
devido à ação humana.
"É pouco provável que as ações para reduzir as emissões de gases alcancem os
resultados necessários enquanto o público não reconhecer que a mudança climática
causada pela ação humana está ocorrendo", disse o cientista. "E perceber que
haverá consequências inaceitáveis se não forem tomadas ações eficazes para
desacelerar esse processo."
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